Gentileza com a IA custa caro: impacto ambiental surpreende especialistas

Você já parou para pensar no impacto que um simples “por favor” ou “muito obrigado” pode ter? 

Para além das boas maneiras nos relacionamentos humanos, a gentileza agora é usada como estratégia para obter melhores respostas da inteligência artificial (IA). 

Mas o que parece ser apenas um gesto educado pode estar custando caro — não só para as empresas de tecnologia, mas para o planeta.

A explicação é simples e, ao mesmo tempo, perturbadora: cada palavra extra digitada em uma interação com IA consome mais energia. 

E como ainda não temos uma matriz elétrica 100% limpa no mundo, isso significa mais pressão sobre o meio ambiente.

Um “por favor” custa caro

Em uma recente interação na rede social X (antigo Twitter), o CEO da OpenAI, Sam Altman, respondeu a um usuário curioso sobre os custos energéticos de frases como “por favor” e “obrigado” usadas com seus modelos de IA. 

Altman estimou que a brincadeira custa “dezenas de milhões de dólares” em eletricidade — e disse que esse gasto é “bem gasto”. Mas será mesmo?

A OpenAI já havia alertado que o mundo pode não ter energia suficiente para sustentar o avanço da IA. E isso preocupa cada vez mais.

Cada palavra importa… e consome

Um estudo publicado pelo Washington Post, em parceria com a Universidade da Califórnia, revelou que gerar um único e-mail por IA pode consumir 14 kWh de eletricidade — o suficiente para manter 14 lâmpadas LED acesas por uma hora. 

Em escala global, esse consumo energético pode equivaler à eletricidade usada por nove residências em Washington, D.C., ao longo de um ano.

Agora imagine a multiplicação desse impacto com cada “bom dia”, “por favor” ou “obrigado” digitado por bilhões de usuários ao redor do mundo.

Gentileza versus eficiência

A linguagem respeitosa com IA não é apenas uma demonstração de boa educação. Ela realmente afeta o tipo de resposta que os sistemas retornam. 

Quanto mais cortês a solicitação, mais amistosa a resposta. Mas essa polidez exige cálculos extras — e, portanto, mais energia.

Atualmente, os data centers responsáveis por processar as IAs já representam cerca de 2% do consumo global de energia. 

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), esse número pode ultrapassar os 1.050 TWh até 2026.

É hora de repensar?

Com o crescimento exponencial da IA, surge uma pergunta incômoda: será que a gentileza com robôs precisa ser repensada por conta da crise ambiental? 

Talvez, até que o mundo desenvolva fontes de energia totalmente sustentáveis, limitar o uso de palavras desnecessárias nas interações com IA possa ser uma medida sensata.

Enquanto isso, a gentileza — como diz o ditado — talvez deva ficar reservada aos relacionamentos humanos.

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