O Reino Unido avalia retirar apoio de 1,15 mil milhões de dólares ao projeto de GNL da TotalEnergies em Moçambique, devido à insegurança em Cabo Delgado
O governo do Reino Unido está a reconsiderar o seu compromisso financeiro com o projeto de gás natural liquefeito (GNL) da TotalEnergies em Moçambique, avaliado em cerca de 20 mil milhões de dólares.
Segundo o diário londrino Financial Times, a agência governamental UK Export Finance (UKEF) comprometeu-se, em junho de 2020, a fornecer empréstimos diretos e garantias a empresas britânicas envolvidas no empreendimento. No entanto, a crescente instabilidade em Cabo Delgado colocou o investimento em risco.
Menos de um ano após o compromisso do governo britânico, ataques terroristas na província de Cabo Delgado levaram à suspensão do projeto. A TotalEnergies interrompeu as operações e, agora, tenta retomar as atividades, apesar da violência persistente e da incerteza política após as eleições gerais de 9 de outubro de 2024.
O governo trabalhista do Reino Unido, que defende uma transição para energias renováveis, está a avaliar se o compromisso firmado em 2020 ainda é vinculativo. Caso decida pela retirada, o projeto poderá perder um financiamento de 1,15 mil milhões de dólares, dificultando ainda mais o seu andamento.
Um funcionário do governo britânico, citado pelo Financial Times, expressou preocupações sobre os riscos de operar em Moçambique. “É um pesadelo sangrento. É um grande desafio no terreno perceber o que se está a passar.
É também um desafio perceber se podemos ou não sair de lá”, afirmou. Ele acrescentou que as preocupações não são apenas ambientais, mas sobretudo relacionadas à segurança e estabilidade na região.
A TotalEnergies recusou-se a comentar sobre a possível retirada do apoio financeiro do Reino Unido. Outros países que haviam se comprometido com o projeto, como os Estados Unidos e os Países Baixos, também estão a reavaliar sua participação.
O governo neerlandês, por exemplo, informou que está a analisar a situação da segurança e dos direitos humanos antes de decidir sobre a reemissão de cerca de mil milhões de euros em seguros de crédito à exportação.
Caso esses apoios sejam retirados, a Mozambique LNG precisará buscar novas fontes de financiamento, o que poderá levar a renegociações e a atrasos adicionais no cronograma do projeto.
Em outubro de 2024, o presidente executivo da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, reconheceu que alguns países mudaram sua posição sobre o financiamento de projetos de GNL desde 2020.
No entanto, destacou que os governos que assinaram contratos com a empresa afirmaram estar comprometidos com os termos estabelecidos.
A incerteza em torno do financiamento surge após a Financial Times ter noticiado que a TotalEnergies adiou a previsão para retomar as operações em Moçambique, colocando em risco o início da produção, anteriormente previsto para 2029. Continua LER mais Conteúdos... [AQU1]