Governo defende livre comércio e rejeita pressões para baixar preços
O Governo de Moçambique afirmou que os agentes econômicos não devem ser "forçados" a reduzir os preços dos produtos por pressão de manifestantes. Segundo o Ministério da Economia e Finanças, está em curso um levantamento e monitoria da situação econômica, visando garantir um equilíbrio no mercado.
Nos últimos dias,
circulou uma tabela de preços que supostamente indicaria reduções obrigatórias
em produtos alimentares e materiais de construção. Alguns serviços públicos
também estariam listados como devendo ser gratuitos.
No entanto, o
Ministério da Economia desmentiu essa diretriz, afirmando que "não
reconhece a tabela" e reiterando que Moçambique segue um regime de livre
mercado.
"O comércio é livre, como todos sabem. A liberalização do mercado permite que existam mecanismos para aferir as margens mínimas e máximas de lucro. São esses mecanismos que usamos para determinar se os preços estão altos em relação ao normal", declarou um representante do Ministério da Economia.
Mesmo sem reconhecer a
tabela em circulação, o Governo admitiu que alguns agentes econômicos estão a
reduzir os preços devido à pressão popular. No entanto, as autoridades
desaconselham tais medidas e pedem calma.
"Desencorajamos estas práticas, pois precisamos de restabelecer a paz e a estabilidade econômica. O mercado tem estoque suficiente de produtos da cesta básica e não há razão para forçar a descida dos preços", reforçou o representante.
Segundo dados
oficiais, apesar do aumento do preço do arroz, o Governo garante que existem
mais de 18.000 toneladas do cereal disponíveis para a região sul do país. A
Inspeção Nacional de Atividades Econômicas está a monitorar a situação para
evitar especulação.
Diálogo com o sector privado
No âmbito da monitoria
econômica, o Ministério da Economia reuniu-se com a Câmara de Comércio de
Moçambique para ouvir as preocupações dos empresários. Durante o encontro, a
Câmara apresentou propostas para melhorar o sector produtivo do país.
"Precisamos transitar de uma agricultura familiar para uma agricultura transformacional. Isso significa estruturar o sector como um agronegócio, onde toda a cadeia de valor é considerada, garantindo processamento e valor acrescentado tanto para exportação como para o consumo interno", afirmou um representante empresarial.
Outra reivindicação
apresentada foi a implementação de moratórias fiscais para empresas afectadas
por recentes manifestações. O setor privado pede ao Governo que crie mecanismos
de recuperação económica para garantir a estabilidade dos negócios e a
manutenção dos postos de trabalho.
O encontro reforça a
necessidade de cooperação entre o Governo e os agentes económicos para
encontrar soluções equilibradas para a atual crise económica do país.