Venâncio Mondlane Acusa Paulo Rangel de Mentir Sobre Contactos com o Vaticano

Maputo, 14 de janeiro de 2025 – O clima político em Moçambique continua a aquecer, com declarações contundentes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que acusa o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, de mentir sobre contactos com o Vaticano.

Em entrevista à Rádio Observador, Mondlane desmentiu categoricamente as afirmações de Rangel, que havia alegado manter comunicações discretas com a Santa Sé sobre a situação pós-eleitoral em Moçambique.

Mondlane, que afirma ter consultado diretamente o cardeal D. Matteo Zuppi, próximo do Papa Francisco, garantiu que nunca houve qualquer interação entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal e o Vaticano sobre o tema.

"Procurei saber [junto de] D. Matteo se alguma vez o ministro tinha contactado o Vaticano, e ele disse que absolutamente isso nunca aconteceu. Portanto, o ministro mentiu aos portugueses e ao mundo", afirmou.

O candidato derrotado, que retornou a Moçambique recentemente e se autoproclamou "presidente do povo", insistiu que as declarações de Rangel foram motivadas por pressão e a necessidade de justificar suas ações.

"Sinto muito. Ele precisava de um expediente de autojustificação e acabou dizendo inverdades", declarou Mondlane.

Conflito Intensifica-se com a Presença de Rangel em Maputo

Paulo Rangel está em Maputo para participar na tomada de posse de Daniel Chapo, marcada para quarta-feira.

Mondlane considera essa atitude uma afronta ao Parlamento português, que anteriormente havia aprovado uma resolução recomendando ao Governo que não reconhecesse os resultados eleitorais em Moçambique.

"O Parlamento disse que o Governo não devia reconhecer os resultados. Agora, ao participar na posse, Rangel está demonstrando um distanciamento do Parlamento", criticou Mondlane.

Questionado sobre a possibilidade de encontrar-se com o ministro, Mondlane mostrou-se receptivo, mas não poupou críticas: "Nesta altura estou a receber a todos.

Desde as raposas até aos cordeiros. Direi na cara todas as percepções negativas que tenho sobre a postura dele."

Paulo Rangel Mantém a Sua Posição

Em resposta às acusações, Paulo Rangel reiterou as suas declarações à Rádio Observador: "Mantenho totalmente tudo o que disse. Como é evidente, não posso entrar em mais detalhes."

O ministro também manifestou abertura para dialogar com diferentes forças políticas durante sua estadia em Moçambique.

"Vou a Moçambique com um espírito construtivo, sempre disponível para falar com todas as forças políticas e a sociedade civil", disse Rangel, sem confirmar um encontro directo com Mondlane.

Mondlane Eleva o Tom nas Redes Sociais

Poucas horas antes da chegada de Rangel a Maputo, Venâncio Mondlane usou as redes sociais para lançar novas críticas. O candidato acusou o ministro de inação durante a crise eleitoral e de mentir ao público.

"Desde Outubro de 2024, sempre privilegiei Portugal como actor válido para a intermediação. Mas o senhor nunca fez absolutamente nada. Não pode enganar os portugueses, os moçambicanos e a comunidade internacional", declarou Mondlane.

Ele também lembrou episódios em que se sentiu desrespeitado: "Quando anunciei meu retorno a Moçambique, ele disse: 'Oxalá que não vá lá promover violência'. Isso é inaceitável."

Mondlane concluiu com um aviso directo: "Aqui é Moçambique. Saiba muito bem como se vai posicionar. O senhor não fez o seu trabalho."

Tensões Crescentes na Política Moçambicana

As críticas públicas de Venâncio Mondlane ilustram o agravamento das divisões políticas em Moçambique, especialmente após as eleições gerais, marcadas por acusações de fraude.

A tomada de posse de Daniel Chapo promete ser um evento politicamente carregado, com figuras nacionais e internacionais observando de perto os desdobramentos.

A postura de Paulo Rangel e suas declarações em defesa do papel de Portugal neste cenário continuarão a ser alvo de escrutínio, enquanto Mondlane reforça sua posição como líder da oposição e figura central nos protestos contra os resultados eleitorais. (Observador)

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