Teólogo Albino Manguene analisa medidas de Venâncio Mondlane e detenção de pastor Marcos Chambule
O teólogo Albino Manguene, conhecido por suas análises incisivas sobre
questões sociais e políticas, comentou sobre dois temas polémicos que estão
sendo amplamente debatidos nas redes sociais: a detenção do pastor Marcos
Chambu e as medidas necessárias para unificar Moçambique após as eleições.
Em relação à detenção do pastor Chambu, Manguene classificou a acção como um
"excesso de zelo". Para ele, embora o comportamento do pastor tenha
gerado perturbações durante o culto, o uso de força para retirá-lo e sua
consequente detenção foram desproporcionais.
Citando 1 Coríntios 14:40, que prega ordem e decência nos cultos, o teólogo
destacou que seria mais ético que o pastor deixasse o ambiente voluntariamente
caso não concordasse com as práticas realizadas.
"A detenção não tem fundamento. Apesar de o pastor ter ferido a ética e
perturbado a ordem, não se justifica o uso de força em um contexto como
esse", declarou Manguene, pedindo maior prudência em situações
semelhantes.
Sobre o cenário político, o teólogo ofereceu uma análise crítica e
orientações ao recém-empossado presidente de Moçambique, Daniel Chapo.
Manguene reiterou sua posição de que as eleições apresentaram indícios de
fraude, mas reconheceu que, após a homologação dos resultados, Chapo assumiu
constitucionalmente o cargo. "O desafio agora é unir um país
dividido", afirmou.
Segundo Manguene, a unificação nacional deve começar com o diálogo
inclusivo, envolvendo o opositor Venâncio Mondlane, partidos como Nova
Democracia, PODEMOS, MDM e RENAMO, além de representantes da sociedade civil.
Ele também sugeriu a formação de um governo inclusivo, que integre membros
da oposição e da própria FRELIMO, para sinalizar compromisso com mudanças
reais.
O teólogo concluiu enfatizando a necessidade de priorizar questões urgentes como o desemprego, a habitação e melhorias nos sectores de saúde e educação. "Sem respostas efectivas a esses problemas, o diálogo será vazio e a instabilidade persistirá", alertou.