
Moçambique admite renegociar eurobonds, mas prioriza dívida interna
O novo governo de Moçambique está aberto a renegociações com credores externos, apesar de seu foco inicial estar na reestruturação da dívida interna. A informação foi confirmada pelo porta-voz da ministra das Finanças, Carla Louveira, ao Zitamar News nesta segunda-feira (20).
Louveira, que assumiu recentemente a liderança do Ministério das Finanças, após a separação deste do Ministério da Economia sob o novo presidente Daniel Chapo, destacou a necessidade de um "trabalho profundo para reestruturar nossa dívida".
A ministra apontou que, apenas em dezembro, o governo perdeu cerca de 14 bilhões de meticais (US$ 221 milhões) em receitas devido a manifestações ligadas às eleições contestadas, enquanto o déficit total do ano chegou a 42 bilhões de meticais.
A declaração de Louveira gerou reação imediata nos mercados financeiros. Segundo Bloomberg e Reuters, os eurobonds de Moçambique registraram queda de mais de 2 centavos, sendo cotados a 81,5 centavos por dólar. Estes títulos são resultado de duas reestruturações da dívida originalmente emitida pela empresa estatal Ematum em 2013.
O ex-ministro das Finanças, Manuel Chang, que assinou as garantias sobre estes títulos, foi condenado na semana passada a oito anos e meio de prisão nos EUA, após ser considerado culpado em um escândalo de corrupção envolvendo o endividamento secreto de Moçambique.
Apesar do foco na dívida interna, que atingia 396 bilhões de meticais (US$ 6,2 bilhões) em setembro de 2024, o porta-voz de Louveira enfatizou que "não há nada que impeça" a renegociação da dívida externa também.
Atualmente, os juros pagos por Moçambique em seus eurobonds passaram de 5% para 9% ao ano, aumentando o custo da dívida de US$ 45 milhões anuais para US$ 81 milhões. A partir de 2028, o governo deverá desembolsar US$ 250 milhões anualmente para amortização do principal. (Zitamar News)