
Presidente Daniel Chapo enfrentará resistências dentro do partido na tentativa de implementar reformas anticorrupção
A luta contra a corrupção será um dos grandes desafios do presidente moçambicano Daniel Chapo, especialmente dentro do seu próprio partido, a Frelimo.
Com a reunião do Comitê Central marcada para 14 de fevereiro, onde será eleito um novo presidente do partido para substituir Filipe Nyusi, Chapo deverá lidar com as tensões entre suas propostas de transparência e os interesses dos corretores de poder dentro da Frelimo.
A falta de resposta efetiva do partido às manifestações populares dos últimos meses evidencia uma crise de confiança entre a Frelimo e a sociedade. Muitos moçambicanos expressaram frustração com o que consideram uma gestão ineficaz e injusta do governo.
Chapo propõe reformas para tornar os processos de contratação governamental mais transparentes e profissionalizados, além de defender licitações competitivas para concessões públicas. No entanto, essas medidas podem encontrar forte oposição entre os membros do Comitê Central, muitos dos quais se beneficiam do atual sistema.
A porta-voz da Frelimo, Ludmila Maguni, garantiu que Daniel Chapo será eleito presidente do partido. Contudo, especialistas jurídicos apontam que pode haver conflito constitucional, uma vez que a liderança simultânea do Estado e do partido pode ser questionada. O Conselho Constitucional deve emitir um parecer em breve sobre a legalidade dessa acumulação de funções.
As eleições internas da Frelimo serão um indicador do nível de apoio a Chapo e de sua capacidade de implementar sua agenda anticorrupção. Ainda que ele consiga a presidência do partido, o verdadeiro desafio será neutralizar a influência dos grupos que lucram com a corrupção e manter o equilíbrio entre a pressão popular por mudança e a resistência interna. (Zitamar News)