Diavova Bernardo, professor em Angola, foi detido na última segunda-feira (16.09) após realizar um protesto por melhores condições nas escolas públicas do país.
O docente liderava uma manifestação em frente à administração municipal de Viana, na província de Luanda, exigindo melhores condições para os estudantes, que, segundo ele, ainda frequentam aulas sem carteiras.
De acordo com Bernardo, a manifestação foi interrompida pela polícia por volta das 13h, quando foi forçado a entrar num carro e levado à esquadra local, onde foi mantido sob custódia junto a activistas do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), que também participaram do protesto.
“Fui preso injustamente, porque, de acordo com a Constituição angolana, temos o direito de nos manifestar. Não entendo se estão seguindo uma outra Constituição”, desabafou Bernardo.
A polícia afirmou que a detenção ocorreu devido à falta de autorização formal para a manifestação, em conformidade com a legislação local que exige comunicação prévia às autoridades para qualquer evento público.
Bernardo, porém, contesta essa interpretação, afirmando que seu ato era legítimo e fundamentado na liberdade de expressão e reivindicação de direitos básicos.
Activismo persistente
Não é a primeira vez que Bernardo se posiciona de forma crítica em relação à situação das escolas angolanas. Em 2022, ele foi suspenso por organizar um protesto com alunos pela falta de carteiras nas salas de aula.
“Dois anos depois, nada mudou”, lamentou o professor, que afirmou estar cansado de ver seus alunos estudando em condições degradantes. “Os estudantes correm para as salas e têm que sentar no chão, porque não há carteiras”, relatou.
Apesar das ameaças que afirma ter recebido, inclusive de autoridades locais, Bernardo garantiu que seguirá na luta por uma educação de melhor qualidade.
“Estou sendo ameaçado, até por pessoas dentro da polícia, mas não vou desistir. Esta luta não é só minha, é pelo futuro do país”, declarou.
Apoio à causa
O presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Francisco Teixeira, manifestou apoio ao professor e criticou a prisão tanto de Bernardo quanto dos activistas.
Teixeira também apelou à sociedade civil para que pressione o governo angolano a investir mais em educação. “Não podemos permitir que, em pleno século XXI, as escolas angolanas continuem sem carteiras. Isso é inadmissível”, afirmou o líder estudantil.
A detenção foi considerada ilegal por Teixeira, que defendeu que a manifestação era pacífica e que os participantes apenas queriam orar pela educação pública.
As autoridades policiais foram contactadas, mas não emitiram qualquer declaração oficial sobre o incidente. (DW) Veja mais notícias [AQUI]
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