O desaparecimento das geleiras está se tornando uma grave ameaça para a Ásia Central, especialmente para o Quirguistão, uma região já carente de recursos hídricos.
Segundo a cientista Gulbara Omorova, as geleiras, que outrora alimentavam rios essenciais para a segurança alimentar da população, estão derretendo rapidamente.
“Isso costumava ser uma geleira, mas desapareceu completamente nos últimos anos”, disse Omorova à AFP, durante uma visita à geleira Adygene, que encolhe cerca de 16 centímetros por ano. A situação, que afeta as montanhas Tian Shan e Pamir, representa um sério problema para a região.
Essas montanhas, que também se estendem pela China, Cazaquistão e Uzbequistão, abrigam milhares de geleiras, e entre 14% a 30% delas já desapareceram nas últimas seis décadas, de acordo com o Banco de Desenvolvimento da Eurásia.
O derretimento das geleiras cria torrentes perigosas que ameaçam as vilas e cidades quirguizes. A água acumulada em novos lagos formados pelo derretimento desce pelas montanhas, arrastando pedras e sedimentos, podendo atingir áreas urbanas e vilarejos, incluindo a capital, Bishkek.
Cientistas como Sergey e Pavel Yerokhin trabalham monitorando o fluxo de água para projetar mapas que ajudem a evitar que esses desastres atinjam infra-estruturas locais. “A água carrega pedras com ela e desce o vale, chegando às vilas”, explica Sergey, de 72 anos.
Além das mudanças climáticas, o crescente interesse na exploração de recursos naturais, como o ouro, também acelera o derretimento das geleiras. A utilização de produtos químicos nas operações de mineração contribui ainda mais para o agravamento da situação.
O sistema de distribuição de água, estabelecido na era soviética, já não é mais eficaz, e a escassez hídrica pode intensificar tensões geopolíticas na região.
O Quirguistão e o Tadjiquistão, que possuem os maiores recursos hídricos da Ásia Central, compartilham seus rios com países vizinhos como o Cazaquistão, Uzbequistão e Turcomenistão, regiões desérticas com pouca oferta de água.
O presidente do Quirguistão, Sadir Japarov, já havia alertado que as geleiras da Ásia Central podem desaparecer completamente até 2100, segundo as previsões mais recentes.
No entanto, ele destacou que o ritmo do derretimento pode ser ainda mais rápido. O esforço para conscientizar a comunidade internacional já resultou em uma conquista: a ONU declarou 2025 como o “Ano Internacional da Preservação das Geleiras”.
No entanto, a falta de recursos locais para realizar pesquisas mais profundas e monitorar a situação agrava ainda mais a crise.
“Não temos equipamentos suficientes e nem verba para transportá-los até as áreas afectadas”, lamenta Omorova, que espera que o governo quirguiz implemente novas medidas para proteger o que resta dessas reservas de água. Veja mais noticias [AQUI]
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