Marcelino dos Santos e os Donos da Situação: As Polémicas Mortes de Eduardo Mondlane

Marcelino dos Santos e os Donos da Situação: As Polémicas Mortes de Eduardo Mondlane e Outros Líderes. As intrigas políticas e os eventos que cercaram a luta pela independência de Moçambique continuam a despertar debates intensos e interpretações contraditórias.

Entre as narrativas mais controversas está a acusação de que Marcelino dos Santos e outros líderes da FRELIMO foram responsáveis pela morte de Eduardo Mondlane, o primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique.

Quem trouxe essa versão à tona foi Artur Lambo Vilankulo, ex-locutor fundador do programa “A Voz da Frelimo”, transmitido pela Rádio Tanzânia durante a luta de libertação.

Vilankulo, que atualmente vive nos Estados Unidos, deu uma entrevista ao jornal “Canal de Moçambique”, na qual afirmou que Mondlane foi traído e assassinado por seus próprios companheiros de luta.

Marcelino dos Santos e os “Donos da Situação”

Segundo Artur Vilankulo, após a morte de Eduardo Mondlane em 1969, um grupo dentro da FRELIMO, conhecido como os “Donos da Situação”, assumiu o controle da organização.

Esse grupo, segundo Vilankulo, era composto por líderes como Marcelino dos Santos, Jorge Rebelo, Óscar Monteiro e Sérgio Vieira.

Eles teriam influenciado a adoção do comunismo em Moçambique, um sistema que, segundo Vilankulo, foi prejudicial ao país, destruindo tradições e sistemas de liderança locais.

Vilankulo relata que a FRELIMO passou por uma transição interna após a morte de Mondlane.

Ele descreve a organização como dividida em duas fases: a FRELIMO I, liderada por Eduardo Mondlane e Uria Simango, e a FRELIMO II, sob o controle de Marcelino dos Santos e os chamados “donos da situação”.

Para ele, essa segunda fase foi marcada por assassinatos de opositores dentro e fora do movimento, caracterizando uma “cultura de matança” que, segundo ele, perdura até os dias de hoje.

Eduardo Mondlane: Traição Interna ou Ataque Externo?

A morte de Eduardo Mondlane é um dos mistérios mais debatidos da história de Moçambique. Oficialmente, Mondlane foi morto em Dar es Salaam, na Tanzânia, por uma carta-bomba enviada ao escritório da FRELIMO. No entanto, Vilankulo contesta essa versão.

Ele afirma que Mondlane não foi morto no escritório oficial da organização, mas sim em um escritório privado, onde ele buscava privacidade devido às tensões internas na FRELIMO.

Vilankulo também menciona que havia duas bombas preparadas naquela ocasião: uma destinada a Uria Simango e outra a Mondlane.

Segundo ele, Marcelino dos Santos teria sido um dos principais responsáveis pelo atentado que matou Mondlane, um crime que, segundo Vilankulo, foi motivado por disputas de poder dentro da organização.

Josina Machel e o Papel das Mulheres na Luta de Libertação

Outro ponto controverso levantado por Artur Vilankulo foi a importância de Josina Machel, esposa de Samora Machel, na luta pela independência de Moçambique. Embora Josina seja reverenciada como uma heroína nacional e uma figura central na luta de libertação, Vilankulo minimiza sua relevância individual, afirmando que ela só ganhou destaque por se casar com Samora Machel.

Ele argumenta que Josina era uma combatente como tantas outras mulheres que participaram da luta, mas que seu papel foi exaltado após seu casamento com o líder revolucionário.

Vilankulo também critica a forma como a história de Moçambique tem sido moldada para favorecer certas figuras, deixando outras, como Uria Simango e Joana Simeão, em segundo plano. Esses dois líderes também foram vítimas da repressão interna na FRELIMO, tendo sido assassinados por divergirem da linha adotada pelos “Donos da Situação”.

A Continuação da Cultura de Assassinatos em Moçambique

Para Artur Vilankulo, a violência política que marcou os primeiros anos da independência de Moçambique continua a assombrar o país até hoje. Ele cita os atentados contra líderes como Afonso Dhlakama, da RENAMO, como exemplos de como a “cultura de matança” persiste.

Segundo Vilankulo, essa cultura é uma herança direta do período comunista, implantado por líderes da FRELIMO após a morte de Mondlane. Ele também relata suas próprias experiências de perseguição, afirmando que foi alvo de sete tentativas de assassinato, três delas em Moçambique e quatro em Dar es Salaam.

Vilankulo acredita que essas tentativas foram motivadas por suas críticas ao regime e às figuras de poder dentro da FRELIMO.

Reflexões Finais

A entrevista de Artur Vilankulo oferece uma perspectiva crítica e polêmica sobre a história da FRELIMO e da luta pela independência de Moçambique.

Suas acusações contra Marcelino dos Santos e outros líderes da organização são graves e colocam em questão a narrativa oficial que tem sido promovida ao longo dos anos.

No entanto, é importante lembrar que esta é apenas uma versão dos acontecimentos, e outras interpretações históricas oferecem visões diferentes sobre o papel desses líderes e os eventos que moldaram Moçambique.

O debate sobre a história do país continua vivo, e entrevistas como a de Artur Vilankulo ajudam a manter essa discussão aberta, trazendo à tona questões que, por muitos anos, foram suprimidas ou ignoradas. Veja mais noticias [AQUI]

Pode ler o artigo original em:  https://macua.blogs.com/

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